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terça-feira, 30 de julho de 2013

Costa Rica se livra de seus zoos, favorecendo a consciência ambiental natural

A Costa Rica dá um grande passo com a decisão de transformar seus zoos em jardins botânicos e libertar seus animais. Esperamos que outros governos progressistas sigam seu exemplo.  

The Costa Rica News (TCRN)
Publicado em 28 de Julho de 2013 

Onça pintada (Panthera onca), o maior felino das américas, em seu recinto em zoo da Costa Rica (TCRN).

Depois de quase 95 anos, o governo da Costa Rica decidiu colocar um fim à exibição de animais enjaulados em zoos.

O Zoológico Simon Bolivar foi criado por decreto em 1919 e abriu no coração da capital em 1921. Desde então, gerações de famílias visitaram a Costa Rica e seu zoo para ver animais selvagens locais, como onças ameaçadas de extinção e outras espécies, como leões.

Depois de décadas de operação e visitação extensiva, o Ministério do Meio Ambiente e Energia (MINAE) afirmou que a Costa Rica tem observado uma mudança na consciência ambiental e que a ideia de zoológicos com animais em jaulas expirou. 

“O MINAE tem a responsabilidade de responder ao crescimento da consciência ambiental dos costarriquenhos, que não querem mais ver animais em jaulas. É uma velha ideia, que não combina mais com os costarriquenhos”, afirmou o Ministro do Meio Ambiente, Rene Castro.

Cerca de 400 animais de 71 espécies de pássaros, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos que habitam o Zoo Simon Bolivar serão levados a centros de resgate em maio do próximo ano, e os nativos serão soltos na natureza.

O zoo, que é administrado há 20 anos pela Fundação Fundazoo, será transformado em um parque botânico, que também terá, como objetivos, pesquisas científicas e educação.

O governo também está trabalhando junto à comunidade para determinar o que será criado no local do Centro de Conservação de Santa Ana, outro zoo operado pela mesma fundação e que tem 52 hectares (será mantida sua classificação de Parque Natural Urbano).

A Costa Rica, reconhecida internacionalmente por suas políticas de conservação ambiental, é um país pequeno, de 4,5 milhões de habitantes e lar de mais de 5% da biodiversidade do planeta. Suas florestas cobrem 52,3% de seu território, do qual 30% permanecem protegidos na forma de Parques Nacionais e Reservas.


Link para o texto original. 

Leia também: "Mente e Movimento: Indo ao Econtro dos Interesses dos Elefantes", de Joyce Poole e Petter Granli, e entenda os motivos pelos quais os zoológicos são lamentavelmente inadequados para abrigar elefantes.

Tradução, revisão e edição: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado.







quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mente e Movimento

Indo ao encontro dos interesses dos elefantes

A questão do espaço está no centro da maior parte das discussões sobre elefantes em que estamos envolvidos - tanto em situações na natureza como em cativeiro. Sem espaço adequado para a mente e o movimento, os elefantes não podem prosperar. É simples e difícil assim. 

Recomendamos que você leia "Mente e Movimento: Indo ao encontro dos interesses dos elefantes", escrito por Joyce Poole e Petter Granli, da ElephantVoices, que publicaremos aqui, subdividido em quatro capítulos, a partir de hoje. 

"Mente e Movimento: Indo ao encontro dos interesses dos elefantes" é o capítulo de abertura do livro "Um Elefante na Sala: a Ciência e o Bem-Estar dos Elefantes em Cativeiro". Sobre o livro: "(...) O livro apresenta as dimensões biológicas, ecológicas e sociais do comportamento dos elefantes na natureza, como a base para qualquer conhecimento sólido sobre o que os elefantes querem e do que precisam. Discute os efeitos do trauma e do estresse sobre os elefantes, com um olhar atento sobre os atuais sistemas e crenças sobre o manejo de elefantes em cativeiro. Também oferece uma opinião científica sobre o bem-estar dos elefantes em cativeiro e métodos práticos para melhorar aspectos fundamentais de suas vidas. (...) O número de zoológicos abrindo mão de seus elefantes tem crescido nos últimos tempos. Muitos estão questionando se os zoológicos podem atender às demandas extraordinárias desses seres também extraordinários. (...) Qualquer pessoa interessada no bem-estar dos animais, e, especialmente, no bem-estar dos elefantes em cativeiro, achará esse livro essencial e edificante."

Elefantes se cobrem de areia no Parque Nacional do Amboseli, 
no Quênia (©Petter Granli/ElephantVoices)

Esperamos que você goste e compartilhe com seus amigos que também amam elefantes e se preocupam com eles.


Mente e Movimento: Indo ao encontro dos interesses dos elefantes


Os Elephantidae, que, em certa época, difundiram-se através da América, da Europa, da Ásia e da África, agora são encontrados, de modo fragmentado, em regiões da Ásia e da África subsaariana. Três espécies – Elefante Africano da Savana (Loxodonta africana), Elefante Africano da Floresta (Loxodonta cyclotis) e Elefante Asiático (Elephas maximus) – representam os pobres restos do que foi outrora uma rica árvore genealógica. Os elefantes evoluíram por mais de 50 milhões de anos, de pequenas criaturas (Shoshani & Tassy, 1996) a animais de porte cada vez maior, de vida longa, que dependem de deslocamentos através de grandes distâncias em busca de comida, água, minerais e parceiros sociais e reprodutivos (banco de dados da ATE, Lindeque & Lindeque, 1991; Verlinden & Gavor, 1998; White, 2001). Fisicamente impressionantes e vigorosos, um Elefante Africano macho, por exemplo, pode medir quatro metros de altura e pesar 7.000kg. Nenhum outro animal terrestre, hoje, chega a pesar a metade disso (Haynes, 1991). Com uma expectativa de vida de mais de 65 anos na natureza (Moss, 2001), os elefantes existentes são mamíferos de longevidade fora do comum (Eisenberg, 1981). Excluindo-se mortalidade causada por humanos, a expectativa de vida de um elefante fêmea solto na natureza é de 54 anos (database da ATE), idade que não difere muito da nossa própria espécie na ausência de cuidados médicos.


Elefantes em zoológicos e circos são atormentados por uma série de doenças físicas e psicológicas (Clubb & Mason, 2002; Schmidt, 2002; Kane, Forthman & Hancocks, Anexo I) que não são observadas em seus semelhantes que vivem na natureza. A despeito de cuidados de saúde que recebem, da falta de ataques por humanos e de ocorrências como secas e doenças, os elefantes em cativeiro sofrem de obesidade, artrite, problemas na patas e disfunções psicológicas e de reprodução e morrem mais jovens (Clubb & Mason, 2002; Lee & Moss, Capítulo 2). Ao contrário dos elefantes que vivem livres na natureza, os mantidos em zoológicos apresentam fertilidade relativamente baixa e um índice elevado de natimortos. Também encontram dificuldades para dar à luz e criar seus filhotes (Clubb & Mason, 2002). Além disso, eles podem desenvolver uma série de comportamentos anormais, como balanço estereotipado,  assassinato de elefantes muito jovens e agressividade exagerada contra outros elefantes. Quais são as causas elementares dessas anormalidades físicas e distúrbios psicológicos?  Um olhar sobre alguns dos elementos essenciais da vida dos elefantes livres na natureza fornece algumas respostas convincentes.


Na natureza, raramente os elefantes ficam imóveis: algumas partes dos seus corpos, sejam pernas, orelhas, olhos, tromba ou rabo, estão em movimento. A despeito de seu grande tamanho, elefantes são animais vigorosos, perpetuamente ativos em mente e movimento. Fora as duas ou três horas das 24 horas do dia em que os elefantes podem ficar parados ou se deitar para dormir, eles estão sempre procurando por comida, água, companhia e parceiros em vastas áreas, ou ativamente engajados em uma atividade, como a preparação de um item alimentar para ser ingerido, interação com outro elefante ou com animais de outras espécies, ou ocupados com alguma frivolidade. Seus movimentos podem ser enganosamente vagarosos, desproporcionais para um animal tão imenso, mas mesmo quando seus corpos estão em descanso, suas mentes estão ativas.

Elefantes são animais de cérebro grande, inteligentes e curiosos (Rensch, 1956,1957; Shoshani & Eisenberg, 1992; Poole, 1998; Roth, 1999; Cozzi, Spagnoli & Bruno, 2001; Hart, Hart, McCoy & Sarath, 2001; Hakeem, Hof, Sherwood, Switzer et al., 2005; Douglas-Hamilton, Bhalla, Wittemyer &Vollrath, 2006; Shoshani, Kupsky & Marchant, 2006; Poole e Moss, 2008). Basta observar a ponta da tromba de um elefante, a postura de suas orelhas e o ângulo de sua cabeça para abrirmos uma janela para sua mente ativamente engajada. Na natureza, tudo o que os elefantes fazem é um desafio intelectual: localizar e manipular uma grande quantidade de itens alimentares; lembrar-se da localização das fontes de água durante uma seca; procurar por parceiros potenciais; decidir onde ir, com quem ir, a quem se juntar e a quem evitar. Discernir entre aromas, vozes e aparências individuais entre centenas de indivíduos familiares ou não familiares, entre amigos e adversários, parentes e não parentes, concorrentes hierarquicamente superiores e inferiores e espécies amigáveis e não amigáveis é uma atividade de envolvimento contínuo. O que acontece com o bem-estar físico e psicológico de criaturas tão inteligentes quando tiramos delas a necessidade de procurar ou de manipular itens alimentares tão variados e dispersos por vastas áreas? Ou quando eliminamos as demandas de diversos aspectos, de fazer parte de uma grande rede social, em uma sociedade complexa e fluida? 

O objetivo declarado dos zoológicos é atender às necessidades comportamentais e biológicas das espécies que mantêm em cativeiro. Quando se trata de elefantes, no entanto, os jardins zoológicos são lamentavelmente inadequados. Tanto os representantes dos zoológicos como os ativistas do bem-estar animal têm se concentrado nas causas imediatas do sofrimento dos elefantes em cativeiro (problemas nas patas, artrite, problemas de saúde relacionados à reprodução, obesidade, hiperagressividade, comportamentos estereotipados). Mas, se não resolvermos a fonte elementar de sofrimento de um elefante em cativeiro – a completa falta de estímulos mentais relevantes e de atividades físicas –, nós nunca atenderemos às suas necessidades biológicas e comportamentais. Devemos nos perguntar se atender às suas necessidades é um objetivo que pode ser atingido, e, se for, quais são os limites. A perspectiva que assumimos neste capítulo é a de que é possível uma abordagem centrada no elefante, embora seja cara e desafiadora. No entanto, preferimos acreditar que os futuros exigentes visitantes dos zoológicos vão querer ver elefantes em condições de prosperidade, caso ainda aceitem que estejam em cativeiro. 

Próximos capítulos: "Em Movimento", " Desafios mentais e físicos na vida diária de um elefante selvagem", "Conclusão".

Tradução, revisão, edição: Ana Zinger, João Paiva, Teca Franco, Junia Machado.

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