Grupo de Elefantes de Gorongosa (©Andreas Ziegler)
Entendendo e respeitando os sinais dos elefantes
Em 1972, Gorongosa era a casa de mais de 2.000 elefantes. Porém, entre 1977 e 1992 uma guerra civil tirou a vida da maioria desses indivíduos. A carne dos elefantes era usada para alimentar os soldados e seu marfim era vendido para a compra de armas e munição. Quando a paz foi restaurada, menos de 200 elefantes tinham sobrevivido. Hoje, graças à intervenção do Governo de Moçambique e ao Projeto de Restauração da Gorongosa, há cerca de 300-400 elefantes no parque, e seu número vem gradativamente aumentando. Mas, mesmo assim, os sobreviventes não se esqueceram de suas terríveis experiências e ainda estão, compreensivamente, cautelosos com relação às pessoas e continuam evitando grandes áreas do parque nacional.
Fazemos com que os elefantes se habituem aos veículos nos aproximando deles vagarosamente e desligando o motor ao primeiro sinal de medo ou agressividade. Fazendo isso, mostramos a eles que entendemos e respeitamos seus sinais, que não causamos danos e que não estamos com medo de sua postura de desafio.
Elefantes são dramáticos: adoram transformar algo pequeno em uma grande ocasião. E demonstram alguns dos mais dramáticos e aterrorizantes comportamentos defensivos, o que fica bem na televisão. Por isso, alguns de nossos encontros iniciais com elefantes na Gorongosa foram filmados para o documentário da National Geographic, War Elephants. É justo afirmar que a edição do filme aumentou a dramaticidade de nossas interações para a audiência da TV. Na realidade, encontramos elefantes normais, se comportando de modo bem próximo do que esperávamos. E os muitos elefantes que encontramos, em mais de uma ocasião, rapidamente aprenderam que não representávamos uma ameaça para eles.
Quem é Quem e Onde Estão os Elefantes da Gorongosa
Em Outubro de 2012 começamos um trabalho mais intenso com os elefantes da Gorongosa. Começaremos por aprender o quanto pudermos com outras pessoas. Este é um novo lugar e são novos elefantes para a ElephantVoices, portanto temos muito o que aprender com aqueles que vivem e trabalham na Gorongosa. E, o mais importante, aprenderemos através de nossas experiências com os elefantes.
Traremos conosco versões customizadas das mesmas ferramentas online desenvolvidas pela ElephantVoices para nosso projeto de conservação de elefantes do Mara, no Quênia, o Elephant Partners. Com essas ferramentas, poderemos registrar cada elefante e coletar observações de modo sistemático e eficiente. Em colaboração com o Projeto de Restauração da Gorongosa e com a equipe do Parque Nacional, iremos, em tempo, construir o banco de dados "Quem é Quem e Onde Estão os Elefantes da Gorongosa", disponível para o público, para que explore, aprenda e contribua com ele.
Cada elefante em uma população é um indivíduo importante e começaremos o processo de identificação e registro de elefantes, um a um, povoando o banco de dados “Quem é Quem na Gorongosa” com fotografias, características fisionômicas e informações sobre sua história de vida. No caminho, teremos que aprender quem é assustado, quem é agressivo e dedicar mais tempo a esses indivíduos, para construir sua confiança.
Saiba mais: Elefantes da Gorongosa
Conforme formos aprendendo sobre os indivíduos e suas famílias, trabalharemos no sentido de estimar o tamanho e a estrutura da população. Por exemplo, qual proporção da população é composta por machos e fêmeas, jovens e idosos? Quantos elefantes sem presas há? Quais são suas idades e o que esse padrão demográfico reflete sobre seu passado e qual o significado para sua sobrevivência no futuro?
Grupo de elefantes no Parque Nacional de Gorongosa (©ElephantVoices)
Mais conhecimento é a base para uma melhor proteção
Observações de indivíduos e famílias serão cadastradas no banco de dados da Gorongosa e, desse modo, começaremos a entender os padrões que definem a população, permitindo que a equipe do parque os proteja melhor. Por exemplo, precisamos saber quem passa seu tempo com quem, onde vão, quando e por quê.
Conforme conheçamos os elefantes, também treinaremos guarda-parques e guias sobre como coletar dados sobre eles e como deles se aproximarem, com benefício para ambos - pessoas e, com prioridade, elefantes. Com base no que aprendemos, nos engajaremos com outros cientistas que fazem pesquisas na Gorongosa e com a equipe do parque, para determinarmos possíveis futuros estudos sobre os elefantes e estratégias para sua conservação.
Guerreira, gf0050 - Essa linda matriarca foi assim nomeada devido a
dois furos grandes e perfeitamente redondos que tem nas orelhas,
que muito provavelmente revelam que defendeu sua família,
com as orelhas abertas, de uma saraivada de tiros (©ElephantVoices)
dois furos grandes e perfeitamente redondos que tem nas orelhas,
que muito provavelmente revelam que defendeu sua família,
com as orelhas abertas, de uma saraivada de tiros (©ElephantVoices)
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