terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Cuidados durante o início da infância modelam o futuro dos Elefantes Africanos

Um estudo sugere que a capacidade de uma mãe elefanta de alimentar e cuidar de seu filhote tem “consequências a longo prazo” até a sua fase adulta.

Por Mark Kinver
Repórter ambiental, BBC News
Publicado em 13 de Fevereiro de 2013.


Estudo sugere que um bom começo de vida é vital para questões como, por exemplo,
o tamanho dos Elefantes Africanos.

Pesquisadores identificaram uma conexão entre a qualidade dos cuidados maternais durante os primeiros dois anos de vida de um filhote de Elefante Africano com a redução do crescimento e o atraso da maturidade.

Eles acrescentam que a projetada mudança climática e a perda de habitat poderiam ter um impacto profundo na espécie.

Detalhes dessa descoberta aparecem no periódico Biology Letters. 
“Cuidados maternais durante os primeiros dois anos de vida de fato afetam a sobrevivência de um elefante por mais de 40 anos, gerando consequências de longo prazo”, explicou a coautora Phyllis Lee, da Universidade de Stirling.

“É um problema que costumamos deixar de lado, a não ser que estejamos pensando em seres humanos: como animais respondem, a longo prazo, a eventos aparentemente pequenos que acontecem em suas vidas.”

A professora Lee e colegas da equipe internacional de pesquisadores disseram que mães inexperientes frequentemente proporcionam “cuidados inapropriados”.  

“Muitas vezes, elas não são apenas inexperientes. Se uma elefanta tem um filhote aos 10-12 anos, ela é muito pequena fisicamente e não tem estrutura física para dedicar-se ao seu filhote.Isso tem consequências imediatas porque é mais provável que os filhotes morram, mas aqueles bebês que conseguem sobreviver tendem, então, a ter uma desvantagem pelo resto de suas vidas, principalmente os filhotes machos.” 

Atraso no desenvolvimento

Essas desvantagens incluem atraso no desenvolvimento sexual e físico. 

“Isso é verdade principalmente para os machos, que se tornam adultos menores do que a média”, relatou a Professora Lee à BBC News.

“Como resultado, eles demoram mais para entrar em um estado reprodutivo, chamado frenesi sexual, e como nunca serão tão grandes quanto os outros machos da mesma idade, talvez fiquem sempre em desvantagem reprodutiva.Se você perde alguns anos de seu potencial reprodutivo e seu tempo de vida não é tão longo, isso pode diminuir drasticamente o seu sucesso reprodutivo.”

Elefantes têm uma característica incomum entre os mamíferos: continuam a crescer
por toda a sua vida, apesar de que, após a maturidade sexual, o ritmo seja mais lento.

Frenesi sexual refere-se a um período em que elefantes machos ficam com as glândulas temporais inchadas, por onde sai um fluido de cheiro forte, rico em testosterona, que escorre por suas bochechas. Durante o frenesi sexual, machos se tornam muito agressivos e sexualmente atraentes. 

Ela explicou que as fêmeas de Elefantes Africanos (Loxodonta africana) são capazes de ter filhotes desde os 10-12 anos, mas machos não atingem maturidade sexual antes dos 25-30 anos.

“A razão dessa demora é que os custos fisiológicos do estado reprodutivo são tão altos que o macho realmente tem que ser grande, forte e resistente para entrar em frenesi sexual.”

Entretanto, a Professora Lee explicou que os bem documentados fortes laços sociais que os elefantes formam com outros indivíduos do grupo proporcionam exceções para a regra. 

O que achamos que acontece é que os que sobrevivem bem, no início de suas vidas, é porque tiveram uma mãe presente no grupo ou uma matriarca com muitos conhecimentos.”

“Esses são dois fatores importantes que ajudam o bebê de uma mãe de primeira viagem a sobreviver – mães inexperientes que têm uma mãe ou avó no grupo têm muito mais vantagem do que mães sem um suporte social.”

A Professora Lee disse, ainda, que pressões induzidas por humanos, como a caça, além da projetada mudança climática e da perda de habitat, têm o potencial de mudar as relações dinâmicas entre as populações de elefantes e prejudicar a sobrevivência da espécie a longo prazo. 

“Na ausência de mortalidades induzidas por humanos, ainda temos consequências causadas por mudanças ambientais antropogênicas”, sugere ela.

“Isso significa que quanto mais períodos de seca tivermos, mais as mães de primeira viagem terão dificuldades para criar seus filhotes sem um suporte social, e portanto, nesse caso, poderemos ter uma maior propensão de perder animais no decorrer de suas vidas.” 

“Isso mudará a composição do grupo, já que você muda as estruturas de conhecimento, muda o suporte social e muda a sobrevivência de cada indivíduo naqueles grupos de laços sociais muito fortes.”


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