Nicola Stead, Inside JEB
Durante os quentes meses de verão, não há nada como um bom e refrescante mergulho numa piscina, e parece que os elefantes concordam com isso. De fato, em algumas áreas, os elefantes raramente afastam-se da água, e até mesmo têm sido chamados - ainda que haja controvérsias - de espécies dependentes da água.
Elefante africano refresca-se em uma poça de lama no Parque Nacional de Tsavo, Quênia (Foto: ©ElephantVoices) |
Durante os quentes meses de verão, não há nada como um bom e refrescante mergulho numa piscina, e parece que os elefantes concordam com isso. De fato, em algumas áreas, os elefantes raramente afastam-se da água, e até mesmo têm sido chamados - ainda que haja controvérsias - de espécies dependentes da água.
Parque Nacional de Tsavo, Quênia (Foto: ©ElephantVoices) |
Mas eles serão mesmo dependentes de água? E, se forem, o que os leva a essa dependência? Robin Dunkin, uma pesquisadora da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, E.U.A., explica que, apesar de os elefantes terem numerosos truques para se refrescarem, como, por exemplo, usar suas enormes orelhas como ventiladores, algumas vezes isso simplesmente não é suficiente. “Assim que a temperatura ambiente ultrapassa a temperatura corporal, essas formas não evaporativas de perder calor realmente não funcionam mais. Eles podem verdadeiramente ganhar calor através desses mesmos truques, e então acabam tendo que contar com o resfriamento por evaporação.” Muito embora os elefantes não possam usar a evaporação do suor para se refrescarem, Dunkin descobriu que sua pele parece ser mais permeável à água do que a maioria das peles de animais. Com a ajuda de sua supervisora, Terrie Willians, ela decidiu investigar se a capacidade de eles se manterem frescos seria um fator para a sua dependência da água e, se isso fosse verdadeiro, como o excesso de elefantes numa mesma área - o que causa danos - poderia ser potencialmente controlado, através do gerenciamento da disponibilidade de água.
Parque Nacional de Tsavo, Quênia (Foto: ©ElephantVoices) |
Dunkin começou medindo a quantidade de água que os elefantes perdem por evaporação de sua pele em uma gama variada de temperaturas, desde gelados 8° C até escaldantes 33° C. Para fazer isso, ela recrutou 13 elefantes treinados - africanos e asiáticos - de três zoos das redondezas. Dunkin mediu a perda de água por evaporação passando uma corrente de ar sobre suas peles e medindo a quantidade de água no ar antes e depois disso.
Parque Nacional de Tsavo, Quênia (Foto: ©ElephantVoices) |
Dunkin descobriu que, conforme a temperatura subia, a quantidade de água perdida por evaporação a partir da pele aumentava exponencialmente. Entretanto, Dunkin explica que ar quente pode carregar mais água e que isso, por si só, pode levar a uma maior evaporação. Dunkin observou que, mesmo fazendo as correções necessárias, a evaporação cutânea total ainda era elevada, a altas temperaturas. Depois de oferecer aos elefantes um refrescante e revigorante banho de chuveiro, Dunkin viu as taxas de evaporação subirem ainda mais – presumivelmente, os elefantes estavam usando essa fonte de água adicional para aumentar o resfriamento por evaporação. Acima de tudo, Dunkin também descobriu, que durante os meses de verão, os elefantes aumentam a permeabilidade de sua pele. Colocadas todas juntas, as descobertas de Dunkin sugerem que os elefantes estão mais preocupados em usar a água para se manterem frescos do que conservá-la, e que qualquer água extra, como a proveniente de rolar na lama ou a de tomar um banho, é agradavelmente aceita.
A seguir, Dunkin usou seus dados para demonstrar o quão importante era o resfriamento por evaporação para o controle térmico de um elefante. Até mesmo em baixas temperaturas, o resfriamento por evaporação tinha uma função, mas, quando as temperaturas alcançavam 29–32°C, essa era a única opção que restava para os elefantes se refrescarem. Nessas altas temperaturas, é como se eles ficassem dependentes de água para, praticamente, qualquer resfriamento. As descobertas de Dunkin sugerem que "a dependência da água é uma ideia muito simples, e está realmente vinculada ao clima. Então, eles estão ligados à água, mas a extensão disso depende do clima". Por exemplo, Dunkin estimou que um elefante no clima subtropical da África do Sul precisaria de apenas 22l de água por dia para se refrescar, enquanto que um elefante na semiárida savana da Namíbia precisaria de quase cinco vezes essa quantidade, incorrendo um débito de água de cerca de 100l por dia. Dunkin explica: “Entendendo como o clima leva os elefantes à dependência da água, podemos tornar acessíveis estratégias de melhor manejo para reservas que enfrentem problemas de alta concentração de elefantes em uma mesma área”. Porque, no final das contas, você pode ter uma quantidade excessiva de uma coisa boa, seja ela água ou elefantes.
Parque Nacional de Tsavo, no Quênia (Foto: ©ElephantVoices) |
Referências:
• Dunkin, R. C.,
• Wilson, D.,
• Way, N.,
• Johnson, K. and
• Williams, T. M.
(2013). O clima influencia o balanço térmico e o uso da água por elefantes africanos e asiáticos: fisiologia pode oferecer prognósticos de condução da distribuição dos elefantes. J. Exp. Biol. 216, 2939-2952. (2013). Climate influences thermal balance and water use in African and Asian elephants: physiology can predict drivers of elephant distribution. J. Exp. Biol. 216, 2939-2952.
Tradução, revisão e edição: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado.
Tradução, revisão e edição: João Paiva, Teca Franco, Junia Machado.