Entrevista: Jon Bays e seu dedicado trabalho com Ramba, a elefanta asiática resgatada de um circo no Chile há cerca de um ano e que aguarda, em um zoo, sua transferência para um santuário.
“Não se pode substituir a presença de outro elefante. Ela pode estar feliz com uma pessoa, mas nunca será a mesma coisa. Posso ser seu amigo, mas, para ela, nunca serei sua família, e ela necessita de uma família".
Foto: ©Ecópolis |
Jon Bays é um jovem norte-americano que tem dedicado grande parte de sua vida ao cuidado dos animais, tendo se especializado em cavalos e elefantes e estudado seu comportamento e necessidades com os mais renomados especialistas. Começou trabalhando em zoológicos e atualmente trabalha para a consultoria Active Environments, dedicada a melhorar o cuidado e o bem-estar dos animais em cativeiro ao redor do mundo.
Jon chegou ao Chile em 9 de março para cuidar de Ramba e ficará até 1° de junho, graças ao financiamento do The Elephant Sanctuary (Tennesse, Estados Unidos), que inclui seus honorários, alojamento no zoo Parque Safari e produtos para os cuidados gerais da elefanta.
Ramba poderia ficar relutante ao contato com outros elefantes, depois de todos esses anos?
Inicialmente, talvez, mas em meia hora já se integraria a eles. Então, teria que buscar seu lugar em um grupo social, o qual, provavelmente, seria bem baixo. Vi elefantes que nunca estiveram com outros antes e praticamente não há problema algum ao serem apresentados pela primeira vez. Às vezes, dão umas duas patadas uns nos outros, mas logo percebem onde estão e param.
Então sua conexão é muito forte...?
Sim, é. Estou certo de que em algum lugar dentro dela, Ramba sabe que não deveria estar sozinha. Um elefante macho pode ficar sozinho, mas não as fêmeas, que formam famílias matriarcais. É assim que vivem, e é assim que sabem o que devem fazer. Agora ela está sozinha e, pelo que sei, convivia no circo com um pequeno cavalo... Então será excitante vê-la conhecer outros elefantes pela primeira vez.
Como Ramba está respondendo ao treinamento de saúde?
Ramba é muito dócil e responde muito bem ao treinamento, fiquei surpreso de já no terceiro dia poder trabalhar em seus pés, pois isso não é comum em outros elefantes. Ela parece gostar muito de receber atenção. Mas ainda tem seus momentos em que decide que não quer fazer nada, e então se vai... deixo que vá fazer o quiser, e, mais tarde, ela volta. Não a forço, ela tem liberdade para fazer as coisas em seu tempo, quando se sinta confortável.
Foto: ©Ecópolis |
Necessitamos de exames de sangue, e também de treinamento. Se os exames de sangue forem bons, e sua saúde estiver boa, teremos que treiná-la a entrar no contêiner, o que deve levar pelo menos um mês. Alguns elefantes se adaptam rápido, outros não, principalmente porque eles não gostam de estar em um lugar fechado - talvez porque isso faça com que se lembrem do circo. Também não gostam de serem movidos, por isso, haverá obstáculos mentais a serem superados, mas, finalmente, ela poderia estar com outros de sua espécie e ser definitivamente feliz.
O que podemos fazer de especial por ela enquanto isso não ocorre?
Ela precisa de algumas “brincadeiras” que a entretenham e façam sua vida melhor, algo com o que passar o tempo. Com o treinamento, ocupo seu tempo, isso é um benefício, mas quando eu partir, ela não terá nada para fazer o dia todo. Por isso, estou ensinando algumas pessoas aqui para que possam fazer um treinamento básico com ela, para lhe darem algo com o que ocupar seu tempo e para que não se esqueça das coisas que lhe ensinei. Assim, ela aproveita seu tempo e também aprende.
Também são bons para ela outros tipos de "brincadeiras", uma rede é uma boa ideia. Os elefantes são "resolvedores de problemas, um pneu com mel dentro ou troncos de árvore com buracos são como quebra-cabeças para ela, coisas assim a manterão ocupada.
Foto: ©Ecópolis |
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