Joyce Poole e Petter Granli
Capítulo III
O terceiro capítulo de "Mente e Movimento: Indo ao encontro dos interesses dos elefantes" trata de seus desafios diários, como a busca por alimentos, a rede de relacionamentos, o aprendizado, a procura por parceiros e a comunicação. Para ler "Mente e Movimento" a partir do primeiro capítulo, clique aqui.
Desafios mentais e físicos na vida diária de um elefante selvagem
As atividades experimentadas por um elefante selvagem dão motivação a uma mente ativa e mantêm o corpo vigoroso em boa condição física. Não importa qual seja o cenário – procura por alimentos, defesa, socialização ou reprodução –, a vida diária de um elefante se distingue por necessidade, propósito, desafio, escolha, vontade, autonomia e camaradagem. O aprendizado social também é visto em vários aspectos da vida diária de um elefante selvagem e é um componente vital da atividade mental. Esses elementos, tão necessários na vida de elefantes selvagens, atualmente estão completamente ausentes no cativeiro.
Procura por alimentos
Elefantes continuam crescendo durante toda a sua vida, devido à fusão epifisária atrasada dos ossos longos (Haynes, 1991). Por causa de seu enorme tamanho, vida reprodutora de extremo gasto energético e falta de um sistema digestivo especializado, elefantes precisam consumir uma vasta quantidade de comida, e a procura por alimento ocupa a maior parte dos movimentos diários de um elefante. Um adulto consome diariamente de 150 a 450kg de alimento, ou quatro ou cinco por cento do seu peso corporal, e bebe de 100 a 160 litros de água. Para realizar esse consumo, elefantes precisam gastar quase 3/4 de 24 horas procurando alimento (Wyatt & Eltringham, 1974; Lindsay, 1994).
Uma procura por alimento efetiva é realizada através de movimentos constantes, grandes e pequenos, que envolvem a ação coordenada das patas, das presas e da tromba, que, usada com habilidade, seleciona itens individuais de frutas, puxa tufos de grama, extrai palmito, achata os duros espinhos de um galho de acácia, ou descasca troncos de árvores. Um perambular lento leva o elefante de um item alimentar a outro. Propositadamente, o caminhar de um elefante o leva a uma variedade de habitats diariamente e a migrações sazonais. A atividade física e o estímulo mental envolvidos na busca por alimento (caminhar, alcançar e cheirar com a tromba), sua manipulação (cavar, chutar, estabilizar com as patas; bisbilhotar, alavancar e quebrar com as presas; puxar, rasgar, quebrar, desfolhar, limpar com a tromba), sua ingestão (tromba e língua) e mastigação constituem o núcleo mais importante do interesse e da sobrevivência de um elefante. Muitas das técnicas usadas por elefantes selvagens para localizar, selecionar e extrair comida precisam ser aprendidas, ou por experiência ou por observação de outros, e o aprendizado social tem uma função decisiva para o filhote poder adquirir o conhecimento necessário de como procurar e manipular comida (Lee & Moss, 1999; Figura 3).
A falta de espaço em zoológicos e circos não permite aos elefantes procurar por alimentos, manipular uma vasta variedade deles, selecioná-los, aprender sobre eles, desprovendo-os, assim, da atividade física e do estímulo mental necessários. Alguns zoológicos introduziram a prática de enriquecer o ambiente espalhando comida (Kinzley, 2006) e, mesmo sendo um avanço no cuidado de elefantes cativos, isto consome muito tempo e requer uma equipe de funcionários dedicada.
Uma complexa rede de relacionamentos no tempo e no espaço
Elefantes selvagens vivem numa sociedade complexa de cisão e fusão notável, tanto por sua fluidez como também pelos relacionamentos próximos e duradouros. O relacionamento dos elefantes tem início no vínculo mãe-filho e se irradia para a família, vínculo de grupo, clã, subpopulação, machos adultos independentes e até mesmo para além da população a estranhos (Moss, 1988; Payne, 2003; Poole & Moss, 2008). Nessa arena social, a vida de machos e fêmeas adultas difere radicalmente (Poole, 1994). Uma teia intrincada de vínculos entre indivíduos e famílias caracteriza a vida das fêmeas e seus filhotes, enquanto estados sexuais oscilantes distinguem as atividades dinâmicas, associações e relacionamentos de machos adultos (Moss & Poole, 1983, veja Caixas 1 & 2; Figura 4). Os relacionamentos sociais dos elefantes são particularmente complexos porque indivíduos interagem com muitos animais de diferentes unidades sociais em meio a uma população, e parceiros sociais cooperativos podem nem sempre estar juntos num mesmo grupo. Membros de uma mesma família estão frequentemente separados por quilômetros, e uma boa parte da atividade diária de uma família pode estar focada em se aproximar de companheiros de laços próximos ou em evitar certos indivíduos. Este comportamento de atração e evasão é demonstrado claramente pelos padrões de rastreamento simultâneo de indivíduos por coleiras com rádio (Charif, Ramey, Langbauer, Payne et al., 2005; Douglas-Hamilton, Krink & Volrath 2006).
Fig. 3. Filhotes de elefantes aprendem o que comer pegando amostras
das bocas de seus familiares. (Foto: Petter Granli)
A combinação de qualidades sociais observadas nos elefantes – relacionamentos cooperativos próximos e duradouros, sociabilidade de fissão-fusão – existe apenas em um pequeno número de carnívoros que caçam cooperativamente (ex.: hienas, leões e cachalotes) e alguns primatas (ex.: chimpanzés e humanos: Archie, Moss & Alberts, 2006). A hipótese de complexidade social sugere que a inteligência evoluiu para que indivíduos pudessem arcar com mudanças difíceis de prever no comportamento de parceiros com os quais devem cooperar e competir. E, assim, como outras espécies que vivem em sociedades de fissão-fusão (humanos, chimpanzés, carnívoros sociais, baleias), elefantes são reconhecidos por sua inteligência e habilidade de raciocínio (Poole & Moss, 2008).
Figura 4. Uma intrincada rede de relacionamentos entre indivíduos e famílias caracteriza
as vidas das fêmeas e de seus descendentes. (Foto: Petter Granli)
Ainda que a população de elefantes de Amboseli seja relativamente pequena (1.500 elefantes, no fim de 2006) comparada a várias outras, ela é, contudo, uma sociedade grande. Uma fêmea de Amboseli pode, ao longo do dia, procurar a companhia ou/e propositadamente evitar centenas de outros indivíduos (Poole & Moss, 2008; ver Lee & Moss, Figua 7, Capítulo 2). Ao procurar por fêmeas receptivas, um macho sexualmente ativo pode também interagir com centenas de diferentes indivíduos – machos e fêmeas – ao longo de 24 horas (Poole & Moss, 1989). O número absoluto de elefantes envolvidos na teia social de um indivíduo e o caráter hierárquico na formação e dissolução de agregações fazem do elefante um ser notável. Os elefantes têm a habilidade de distinguir estranhos dentre um grande número de associados familiares, através do reconhecimento da voz (McComb, Moss, Durant, Sayialel & Baker, 2000) e do cheiro (Rasmussen & Krishnamurthy, 2000). Isso pode ser explicado pelos lóbulos temporais extremamente grandes e convolutos de seu cérebro (Shoshani, 1998; Shoshani et al., 2006).
Aprendendo com outros
Aprendizado social e inovação comportamental são elementos essenciais no desenvolvimento de um indivíduo e são a matéria-prima da sociedade, da cultura e da tradição dos elefantes (Lee & Moss, 1999; Poole & Moss, 2008). Por exemplo, o aprendizado social obtido através do cuidado de filhotes por fêmeas juvenis proporciona a elas um leque de habilidades e conhecimentos de como cuidar de um filhote. Futuramente, elas usarão esse conhecimento para tomar conta de sua própria prole (Lee, 1987; Lee & Moss, 1999). Saber distinguir quem é amigo ou inimigo, onde encontrar água durante as secas e itens específicos de alimentos e minerais são conhecimentos transmitidos de mãe para filha (McComb, Moss, Durant, Sayialel et al., 2001; Payne, 2003).
Um comportamento adequado no cio e no acasalamento também requer um aprendizado social para as fêmeas (Poole & Moss, 2008). Tanto o comportamento durante o cio como a escolha de parceiros parecem ser facilitados pela presença e pelo comportamento das mães dessas fêmeas jovens (Poole & Moss, 2008). O nascimento de um primeiro filhote é um evento de vida em que a presença e o comportamento de fêmeas experientes vem socorrer e ajudar fêmeas inexperientes. Membros experientes da família dão assistência às femeas jovens durante o parto, ajudam o recém-nascido a ficar de pé e são responsáveis pela socialização e pela proteção imediata do filhote recém-nascido (Moss, 1998; Lee & Moss, 1999). A interação com outros elefantes e a transmissão de conhecimento social e ecológico são a chave da sobrevivência do elefante, e o estímulo proporcionado por tais relações, nós acreditamos, se faz necessário para um elefante se desenvolver.
O zoo tradicional não oferece o espaço necessário que permita aos elefantes uma vida familiar natural, nem lhes dá a opção de escolher associados de outros grupos familiares, clãs ou populações, e também não lhes dá a oportunidade de aprender habilidades de sobrevivência através da experiência de outros. Ao privar os elefantes de um espaço adequado, zoos não só restringem sua habilidade de obter exercício adequado e essencial como também retiram uma enorme fonte de estímulo mental necessário para o bem-estar básico de um indivíduo altamente social e inteligente.
A procura por parceiros
O comportamento reprodutivo é um componente essencial na vida diária de qualquer animal. Nos elefantes, a reprodução envolve atividades mentais e físicas altamente energéticas. Sinais acústicos e químicos intrincados e uma memória afiada são utilizados para localizar rivais e parceiros em áreas extensas (Poole, 1989a; Poole & Moss, 1989; Poole, 1999). Cortejar, acasalar, competir (entre machos) e escolher fêmeas são comportamentos de intensa interatividade, alternadamente sutis e exagerados. Os espaços confinados oferecidos por zoos e circos não permitem que inúmeros machos e fêmeas pratiquem o ato natural de se misturar, tendo, assim, uma enorme influência no propósito, na escolha, na autonomia e na vontade de um elefante.
Aos 30 anos, a maioria dos machos vivencia o mais elevado período de atividades agressivas e sexuais: o cio (Poole & Moss, 1981; Hall-Martin & Van der Wilt, 1984). Caracterizado por uma postura distinta, rígida, com a cabeça elevada, glândulas temporais inchadas e com secreção, gotejamento de urina de forte odor (Poole & Moss, 1981; Poole, 1987) e vocalizações distintas (Poole, 1987, 1999; Poole et al., 1988), os machos no cio experimentam impressionantes surtos da testosterona que circula no seu organismo (Hal-Martin & Van der Walt, 1984; Poole, Kasman, Ramsay & Lasley, 1984). Com a chegada do cio, o comportamento de um macho passa por uma transformação psicológica contundente. Um macho no cio passa a maior parte de seu tempo interagindo agressivamente com outros machos adultos ou procurando entusiasticamente por fêmeas receptivas, tentando acessar ou vigiar aquelas no auge do cio (Moss, 1983; Poole, 1989 a, b; Poole & Moss, 1989: Figura 5). Altamente ativo, um macho no cio pode perseguir outro macho ou procurar por uma parceira por vários quilômetros em poucas horas. O cio tem um papel crucial no status de dominância entre machos (Poole, 1989a). Com algumas exceções, machos pequenos ou grandes no cio têm um posto mais elevado do que machos que não se encontram no cio. A duração do cio depende da idade do macho e também pode ser influenciada pela opressão de machos de um nível hierárquico superior (Poole, 1989a). Numa população desprovida de indivíduos mais velhos (Slotow, van Dyke, Poole, Page et al., 2000), ou em cativeiro (Jainudeen, McKay & Eisenberg, 1972), o cio começa numa idade menor e tem uma duração maior.
Assim como as fêmeas jovens, machos jovens se beneficiam do aprendizado social e frequentemente são observados seguindo os machos mais velhos no cio, testando os mesmos locais de urina e as mesmas fêmeas, como fazem os machos mais velhos (Poole & Moss, 2008). Os machos mais velhos, no cio, são extremamente tolerantes com esses jovens, permitindo-lhes ficar a menos de um metro de uma fêmea em estro, enquanto se preocupam em não deixar outros machos adultos se aproximarem (Poole, 1982). O sucesso da cópula requer habilidade e prática consideráveis que, em parte, podem ser obtidas pela observação de como os machos mais velhos e experientes se comportam. Experiência provinda do sul da África também destaca a importância do aprendizado social na aquisição de um comportamento apropriado dos machos, no que tange à reprodução (Slotow et al., 2000). Machos juvenis que testemunharam a matança de suas famílias em procedimentos seletivos de abate e depois transferidos para áreas desprovidas de machos adultos exibiram comportamentos reprodutivos anormais quando jovens, como montar, enfiar as presas e matar rinocerontes negros. Embora o trauma seja a provável causa do desenvolvimento desse comportamento anormal (Bradshaw, Schore, Brown, Poole & Moss, 2005), é provável também que a ausência de modelos masculinos adultos tenha contribuído para a reação sexual inapropriada desses machos jovens. Esse comportamento deixa de existir depois da introdução de machos mais velhos (Slotow et al., 2000).
Quadro 1. Famílias e Grupos Vinculados
Os relacionamentos sociais próximos e duradouros criados por elefantes fêmeas são extraordinários, dentro do contexto de seu flexivel sistema social (Archie et al., 2006). Famílias de elefantes são compostas por grupos previsíveis e discretos de parentes, mas, ao longo de horas ou dias, esses grupos podem temporariamente se separar ou se reunir, ou podem se juntar a outros grupos, formando grupos sociais maiores ou agregações. Tais agrupamentos podem ser estabelecidos por laços sociais e genéticos, área territorial e estação do ano (Douglas-Hamilton, 1972; Moss & Poole, 1983; Sukumar, 2003; Wittemyer, Douglas-Hamilton & Getz, 2005; Archie et al., 2006; Moss & Lee, em jornais). Tipo de habitat, estação do ano, grau de parentesco, traços de personalidade, tradição, morte de indivíduos influentes e a força da liderança matriarcal atuam na coesão das famílias (Moss & Lee, na imprensa). Em geral, as famílias de elefantes são menores em habitats de florestas e são maiores em habitats mistos de savana (Sukumar, 2003). Ao longo dos anos, famílias podem se separar para formar grupos vinculados (Douglas-Hamilton, 1972; Moss & Poole, 1983; Wittemyer, Douglas-Hamilton & Getz, 2005) ou, algumas vezes, se fundir para formar novas famílias (Moss & Lee, na imprensa). Relações próximas entre indivíduos podem ser distinguidas por padrões de associação, conduta de cumprimento, movimentos coordenados e tomada de decisões, além de comportamento de forte afiliação, cooperação e defesa (Douglas-Hamilton, 1972; Dublin, 1983; Moss & Poole, 1983; Lee, 1987; Moss, 1998; Poole, 1998; Payne, 2003). Mesmo indivíduos que não têm relacionamentos próximos dentro de sua família se beneficiam do comportamento cooperativo presente entre elefantes (Archie et al., 2006).
Quadro 2. A sociedade masculina
A vida social de um elefante selvagem macho é física e mentalmente desafiadora. Crescendo numa sociedade de vínculo feminino coeso, machos jovens mantêm um relacionamento próximo com seus parentes e participam de eventos sociais que afetam sua família, embora com menor intensidade do que suas companheiras fêmeas de mesma idade (Lee & Moss, 1999; Poole & Moss, na imprensa). Aos nove anos, machos começam a passar mais tempo longe de suas famílias e, aos 14, eles habitualmente partem (Lee & Moss, 1999). Machos recém independentes precisam adquirir habilidades novas para poderem se adaptar à sociedade dos machos em que tamanho corporal e estados sexuais oscilantes determinam interações e relacionamentos (Poole, 1989a). Durante a transição, as atividades sociais de machos jovens têm como ponto principal conhecer parceiros de idades semelhantes e fazer amizades fora do seu círculo familiar (Lee, 1986; Lee et al, na imprensa). Desta forma, machos reúnem informações cruciais para seu sucesso, em termos de reprodução e longevidade (Poole, 1989a, 1989b; Poole, Lee & Moss, na imprensa; Lee, Poole & Moss, na imprensa). Entre adultos sexualmente inativos, relacionamentos são corteses, enquanto as interações entre aqueles sexualmente ativos, particularmente entre aqueles no período de cio, se tornam altamente agressivas (Poole, 1987, 1989a). O sucesso reprodutivo dos machos depende fortemente de sua longevidade. Machos mais velhos e maiores, no cio, são dominantes e produzem significativamente mais descendentes (Poole, 1989 a & b; Hollister-Smith, Poole, Archie, Vance et al., na imprensa). O auge da idade reprodutora é entre 45-50 anos. Para um macho sobreviver até a idade de sucesso reprodutivo, ele precisa se utilizar dos conhecimentos que aprendeu e aperfeiçoou durante décadas. Um macho precisa aprender a reconhecer o cheiro, a aparência e a voz de uma grande quantidade de indivíduos; lembrar-se da força de cada indivíduo, comparada com a sua; saber quais indivíduos estão no cio, onde estão e em que condições se encontram; e monitorar a localização, que varia muito, das fêmeas em pré-cio e no cio.
Comunicação
A natureza flexível da sociedade dos elefantes, na qual indivíduos intimamente ligados podem estar a quilômetros de distancia, requer que os elefantes possuam um sistema de comunicação que combine uma sinalização multifacetada de curta-longa distância. Uma combinação de posturas de tromba, orelhas, membros, posturas corporais e movimentos sinaliza uma ampla gama de gestos agonísticos, defensivos e afiliativos e respostas emocionais complexas (Kahl & Armstrong, 2000; Poole & Granli, 2003; Poole & Granli, 2004). Sinais químicos, incluindo saliva, secreção mucosa dos olhos, fluidos dos tratos anogenitais, glândulas temporais, ouvidos e glândulas interdigitais desempenham um papel essencial na comunicação social e reprodutiva dos elefantes (Rasmussen, Hall-Martin & Hess, 1996; Rasmussen & Schmidt, 1998; Rasmussen & Krishnamurthy, 2000; Rasmussen& Wittemyer, 2002). A comunicação acústica inclui uma ampla variedade de sons com componentes que vão de 5Hz a mais de 9.000Hz (Poole, na imprensa). Chamados incluem ruídos de baixíssima e alta frequências, como trombetear, berrar, bufar, rugir, urrar, latir, gorgear, grasnar e outros sons idiossincráticos (Africano: Berg, 1983; Poole et al., 1988; Poole, 1994; Langbauer, 2000; Leong, Ortolani, Burks, Mellen et al., 2003; Soltis, Leong & Savage, 2005a, b; Polle, na imprensa; Asiático: McKay, 1973). Elefantes usam esses sinais acústicos para passar mensagens agonísticas, defensivas, afiliativas, protetoras, reprodutoras, logísticas e sociais (Poole, na imprensa). Elefantes utilizam poderosos sons de baixíssima frequência para coordenar suas movimentações (Payne, Langbauer & omas, 1986; Poole et al., 1988; Langbauer, Payne, Charif, Rapaport et al., 1991; Garstang, Larom, Raspet & Lindeque, 1995; Larom, Garstang, Payne, Raspet et al., 1997; McComb et al., 2000). Através de tais sinais acústicos, eles podem reconhecer as vozes individuais de outros elefantes a uma distância de mais de 1,5km (McComb, Reby, Baker, Moss et al., 2002) e podem detectar a localização de conspecíficos numa área de 300 km2, dependendo das condições atmosféricas (Larom et al., 1997). Quando um elefante vocaliza com ribombos de baixa frequência, uma réplica exata desse sinal se propaga separadamente através do solo. Elefantes respondem apropriadamente a esse sinal (O’Connell et all., 1998; O’Connell-Rodwell, Wood, Rodwell et al., 2006). Elefantes são capazes de aprender a vocalizar através da imitação, e esse raro talento pode ter sido desenvolvido para facilitar vínculos sociais e coesão numa dinâmica sociedade de fissão-fusão (Poole, Tyack, Stoeger-Horwath & Watwood, 2005). O aprendizado social, tão fundamental no desenvolvimento dos elefantes, desempenha um papel adicional na aquisição acústica (Wemmer, Mishra & Dinerstein, 1985). O rico sistema de comunicação que observamos nos elefantes existentes deve provavelmente ter evoluído com o aumento da sociabilidade e do tamanho do cérebro (Shoshani et al., 2006). Versátil e intrincada, a comunicação de longa-curta distância dos elefantes é mais um indicador de sua adaptação a um ambiente social rico e de um complexo uso do espaço.
Próximo capítulo: "Conclusão". Para ler "Mente e Movimento" a partir do primeiro capítulo, clique aqui.
Tradução, revisão, edição: Ana Zinger, João Paiva, Teca Franco, Junia Machado.
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