sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011: número recorde de elefantes mortos para abastecimento do mercado ilegal de marfim

Foi um ano triste e ruim para todos aqueles que têm acompanhado de perto a escalada da caça ilegal entre muitas populações de elefantes. Notícias de elefantes abatidos e carregamentos de marfim apreendidos foram manchete com frequência durante o ano. Educação e reforço das leis na Ásia são vitais para reduzir as mortes e o trauma. A pobreza e a corrupção nos países em que vivem os elefantes também não colaboram. A China pode assumir a liderança na luta contra a explosão da caça ilegal - se quiser. Será que fará isso?

Leia a notícia completa no Estadão e assista à reportagem da BBC.


Família de elefantes em Naboisho Conservancy, Quênia (© Junia Machado and ElephantVoices)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Escolha seu elefante do Mara para 2012!

Com fotografias dos elefantes de Maasai Mara, no Quênia, feitas por pessoas do mundo todo, chegamos a 750 elefantes adultos descritos e registrados em um banco de dados on-line e disponível para pesquisas: o “Mara Elephants Who’s Who” (ou “Quem é quem entre os elefantes de Maasai Mara”). Esse banco de dados é uma das ferramentas do projeto Elephant Partners.

Através desse projeto, cada elefante de Maasai Mara é registrado com um código numérico. Agora você pode contribuir com o Elephant Partners e com a proteção dos elefantes de Maasai Mara dando nome a um elefante.

Nomear elefantes ajuda as pessoas a saberem quem é quem e cria laços emocionais com eles. Dando possibilidade às pessoas de nomeá-los, esperamos reunir uma comunidade que se importa com os elefantes de Maasai Mara  - formada por pessoas que moram em Maasai Mara e contribuem com seu monitoramento e proteção, e outras que vivem em lugares distantes, cujas importantes doações dão suporte ao projeto.


Pessoas não residentes em Maasai Mara: com uma doação de U$ 500,00 para o projeto, você pode dar um nome a um elefante. Programas educacionais - incluindo bolsas de estudos em escolas locais, que darão suporte aos objetivos do Elephant Partners - serão a mais alta prioridade na destinação desses recursos.

Para nomear um elefante, você deve olhar o database “Mara Elephants Who is Who” (“Quem é quem entre os elefantes de Maasai Mara”) e escolher um elefante que ainda não tenha sido nomeado. Clique em “I’d like to name this elephant” (“Gostaria de nomear este elefante”), na ficha de identificação do mesmo. Você receberá um e-mail de aprovação do nome escolhido e um link para completar o processo e fazer sua doação, que será processada de modo seguro por PayPal e irá diretamente para a iniciativa Elephant Partners.

Seu nome aparecerá no banco de dados, junto com o nome do elefante que você nomeou. E você poderá seguir “seu” elefante, checando frequentemente as observações visíveis em seu cartão de identificação, inserindo seu nome ou código, através das atualizações e observações postadas na ElephantVoices e no Elephant Partners do Facebook

A ElephantVoices tem o direito de aprovar ou declinar qualquer nome sugerido (por exemplo, se já existir). Nesse caso, você pode escolher e sugerir outro nome. A ElephantVoices não permitirá acesso a seus dados pessoais por parte de terceiros.

Kerstin Bucher, da Alemanha, foi uma das primeiras pessoas a nomear um dos elefantes de Maasai Mara: Sian. Participe também dessa iniciativa pela conservação dos elefantes de Maasai Mara, nomendo um elefante para a entrada de 2012! 

Saiba mais sobre o trabalho da ElephantVoices em 2011 em nossa eNewsletter de final de ano.

Em nome da Joyce e do Petter, diretores da ElephantVoices, desejamos paz e os  melhores votos a todas as criaturas, pequenas e grandes, em 2012!

Junia, Ana, Cris, Teca, Tiago, Mayara, Andrea, Leo, Tici e colaboradores da ElephantVoices no Brasil.



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Elefantes têm Vida Longa

Elefantes são mamíferos que crescem devagar e vivem cerca de 70 anos, na natureza. A longevidade de um indivíduo e seu sucesso reprodutivo caminham juntos. Fêmeas mais velhas têm mais êxito em criar seus filhotes do que as fêmeas mais jovens, e machos mais velhos são os reprodutores principais.

Mr. Nick, elefante do Parque Nacional do Amboseli, nascido em 1957 (©ElephantVoices)

Esses indivíduos mais velhos e mais experientes são frequentemente alvos de caçadores de marfim e daqueles que praticam a caça esportiva, por causa de suas presas, que são geralmente maiores, e a perda desses indivíduos pode ter sérias consequências. Elefantes dependem de membros mais velhos para que possam adquirir conhecimento social e ecológico, assim como habilidades de liderança, e famílias inteiras e até mesmo populações podem ser prejudicadas pela perda de alguns poucos indivíduos-chave.

Fêmeas mais velhas são repositórios de conhecimento social

Ao longo de sua vida, o elefante precisa se adaptar constantemente a flutuações ambientais e a mudanças no seu mundo social. A aquisição e retenção de conhecimento ao longo da vida parece ser essencial para a sobrevivência de um indivíduo e para seu sucesso reprodutivo, assim como para o desenvolvimento da complexidade social e da comunicação do elefante. A longevidade também proporciona um ambiente que permite o desenvolvimento de fortes laços entre indivíduos de uma família.

Elefantes fêmeas passam suas vidas cercadas de outras famílias e são envolvidas em vários níveis de relacionamentos competitivos e colaborativos. Durante suas longas vidas, elefantes percorrem grandes distâncias, comem uma enorme variedade de plantas, interagem com um vasto número de outros elefantes e ganham muitas experiências valiosas. O avanço da idade entre as fêmeas está associado a um aumento de conhecimento social e ecológico e a habilidades discriminatórias. Fêmeas idosas mantêm seu lugar como líderes ou matriarcas de sua família na estrutura social feminina. Assim, fêmeas mais velhas são repositórios de conhecimento social e ecológico, influindo na sobrevivência e no sucesso de suas famílias.

Grace, matriarca do Parque Nacional do Amboseli, no Quênia, nascida em 1950 (©ElephantVoices)

Elefantes parecem confiar no melhor discernimento das fêmeas mais velhas: filhotes de fêmeas jovens passam um tempo significativo na companhia de suas avós; membros da família correm para as fêmeas mais idosas, em caso de perigo real; e grupos liderados por jovens matriarcas procuram se associar a famílias com líderes mais velhas.

Uma vida longa e uma maturação lenta estão correlacionadas e são como que pré-condições necessárias ao desenvolvimento da complexidade social e de um cérebro grande. Com um grande e complexo cérebro e uma boa memória, experiências aprendidas e complexidade social se multiplicam durante a longa vida dos elefantes. Fêmeas idosas, com um maior conhecimento social e ecológico, têm papéis sociais diferentes das fêmeas mais jovens. O aprendizado que sustenta a transmissão de tradições culturais ocorre no contexto de sucessivas gerações de animais que passam a maior parte de seu tempo juntos.

A longevidade é a chave do sucesso reprodutivo

O sucesso reprodutivo está diretamente relacionado à longevidade. Machos chegam ao auge da reprodução entre 40 e 55 anos de idade e continuam sexualmente ativos aos 60 anos, tendo o mesmo número de filhotes de um macho de 40 anos de idade.

Machos precisam de tamanho, força e experiência para acasalar com sucesso. A cópula é bastante complicada para os machos, e montar a fêmea é uma atividade que requer experiência. Um macho deve aprender a técnica apropriada, para poder manipular um pênis comprido, curvo e móvel. O trato reprodutivo da fêmea também é longo e curvo, e um macho precisa primeiramente montar a fêmea e depois posicionar seu pênis corretamente enquanto a fêmea se mantém imóvel. Fêmeas preferem machos mais velhos e frequentemente recusam os mais jovens. Além disso, machos jovens têm pênis bem mais curtos, e o tamanho do pênis é provavelmente um impedimento a mais para que esses machos consigam fecundar as fêmeas com sucesso.

Adicionalmente, o posto ocupado por machos que não se encontram no cio é determinado por força e tamanho. Um macho de 15 anos pesa a metade de um macho de 40. Machos grandes frequentemente desbancam os jovens quando estão competindo por uma fêmea no cio. Se um macho jovem tem a sorte de montar uma fêmea, provavelmente ele será forçado a desmontar ou será empurrado! Machos no cio ocupam um posto superior a todos os que não estão e, por esta razão, conseguem um número maior de acasalamentos. Machos jovens precisam equilibrar a energia  para o seu crescimento com os recursos necessários para sustentar períodos de cio. Machos mais velhos têm a vantagem de não estarem crescendo tanto como os jovens e, portanto, podem direcionar mais energia em períodos de cio mais longos. Machos jovens são desbancados pelos mais velhos. Eles têm menos e menores períodos de cio, e tais períodos acontecem em épocas em que poucas fêmeas entram no cio.

Machos só começam a reproduzir regularmente aos 40 anos, idade em que 75% dos machos já morreram. A idade avançada está associada a corpos mais avantajados, maior massa corporal e experiência. Machos mais velhos no cio são pais de três quartos dos filhotes. A longevidade dá suporte tanto à manutenção da estratégia do cio quanto ao completo sucesso reprodutivo dos machos.

Machos que chegam a uma idade avançada ocupam um posto muito superior ao de outros e, quando no cio, geram muitos filhotes e passam seus genes para gerações futuras. Dionysus, por exemplo, foi um macho de Amboseli que morreu aos 63 anos de idade. Ele era incomum porque foi um dos poucos machos a escapar da matança epidêmica dos anos 1970, que abasteceu, na época, o mercado de marfim.  Ele foi um dos maiores machos e ocupou um alto posto na população dos elefantes de Amboseli por quase 30 anos. Quando Dionysus morreu, em 2003, estimou-se que 51 filhotes tinham sido gerados por ele.

Dionysus logo antes de morrer, em 2003, aos 63 anos (©ElephantVoices)

Bad Bull foi outro macho com alto sucesso reprodutivo, devido, em parte, à sua longevidade. Ele foi visto pela última vez no cio em 2002, aos 63 anos, e supõe-se que tenha gerado cerca de 62 filhotes. Aristotle teve menos sorte. Embora da mesma idade de Dionysus e Bad Bull, ele morreu mais cedo, aos 49 anos, e gerou 27 filhotes. A maioria dos machos não vive o suficiente para gerar um único filhote.

Saiba mais sobre a vida dos elefantes aqui.







segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Coldplay e os Elefantes


O Coldplay lançou em 18 de outubro seu segundo clipe de Mylo Xyloto, último álbum da banda. Em Paradise, Chris Martin e os outros integrantes da banda se vestem de elefantes para transmitir uma forte mensagem.

Elefantes em cativeiro no mundo inteiro precisam das vozes de todos aqueles que se importam com eles. Cuidar significa promover o interesse dos elefantes, em vez dos interesses das instituições que os mantêm em cativeiro. A maioria dessas instituições simplesmente não pode satisfazer às necessidades básicas dos elefantes - independentemente de tratadores bem intencionados. Assista "Paradise", do Coldplay, um lindo clipe, compartilhe com seus amigos e ajude e levar as vozes dos elefantes através do mundo. 


 


Saiba mais sobre elefantes em cativeiro no website da ElephantVoices.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Viagem de Iringa, Thika e Toka

Em uma decisão histórica, a Câmara Municipal de Toronto votou a favor da transferência de Iringa, Thika e Toka, as três elefantas africanas que vivem no zoológico da cidade, para o Santuário PAWS, em San Andreas, California.

Há anos, conservacionistas, cientistas e organizações se posicionavam contra a manutenção das elefantas no zoo de Toronto - além do espaço insuficiente para a espécie, o frio é rigoroso nos invernos, durante os quais Iringa, Thika e Toka ficam trancadas em um recinto de concreto com grossas barras de ferro. Em maio, quando o zoológico de Toronto finalmente anunciou que pretendia fechar seu recinto de elefantes, devido aos altos custos e à debilitada saúde dos animais, o santuário PAWS ofereceu a eles um lar permanente, sem custo para a cidade. No entanto, o zoo e a AZA (Associação dos Aquários e Zoológicos, de ação internacional) não aceitaram a oferta e pretendiam transferi-las para outro zoológico de sua rede de associados.

Com a decisão tomada pela Câmara Municipal de Toronto, Iringa, Thika e Toka terão direito a comportar-se naturalmente, caminhar livremente e explorar uma vasta área, procurar por alimentos, interagir com outros elefantes, participar de uma sociedade e escolher seus parceiros sociais, exercer atividades físicas e mentais variadas e a diversos outros estímulos e comportamentos que são inerentes e fundamentais para o bem-estar desses seres tão inteligentes e sociáveis. Terão, finalmente, suas necessidades biológicas e comportamentais atendidas, o que nunca poderia acontecer em um zoológico.


Elefantes aproveitam o final do dia na beira de um riacho em
© ElephantVoices

Esse voto é de extrema importância porque a Câmara foi contra a requisição do Zoológico de Toronto e da AZA de simplesmente realocá-las para outro zoo, priorizando o bem-estar das elefantas. A ElephantVoices está entre os muitos que apresentaram argumentos para dar suporte a essa importante decisão e parabeniza os esforços da Zoocheck Canada e do Santuário PAWS - The Performing Animal Welfare Society, em particular Pat Berby e Ed Stewart, cuja paixão e energia devotados a elefantes que sofrem em cativeiro não têm limites.

Com essa decisão, a Cidade de Toronto dá um exemplo a ser seguido em todo o mundo. Leia mais.
 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Identificando Elefantes Africanos


Os elefantes são muito diferentes entre si e com um pouco de conhecimento, prática e observação, não é difícil identificá-los.

Além da sexagem, a determinação da idade e as características do corpo também estão entre os oito módulos que a ElephantVoices disponibilizou para explicar como observar e entender as características de cada elefante, também utilizados no banco de dados  “Mara Elephants Who’s Who”, do projeto de conservação Elephant Partners.

 

Determinação da idade

O trabalho pode ser facilitado se conseguirmos dividir os elefantes em categorias referentes ao tamanho, determinadas de acordo com a idade aproximada. As categorias que usamos são: novos (0-4
anos), juvenis (5-9 anos), pequenos adultos (10-19 anos), médios adultos (20-34 anos) e grandes adultos (35 anos ou mais). Colocar elefantes em categorias de tamanho requer prática, por isso não
recomendamos que essa característica seja usada para identificá-los, até que você tenha adquirido uma certa experiência.

É bom lembrar que um macho adulto cresce o suficiente para atingir o dobro do tamanho de uma fêmea adulta. Portanto, o tamanho é relativo, quando julgamos um pequeno, um médio ou um grande adulto – sempre dependerá do sexo do animal considerado.

Usamos o termo “infante” para designar um elefante novo com menos de um ano de idade. Ele normalmente não possui presas e é suficientemente pequeno para andar embaixo do abdômen da mãe. É necessário recorrer à genitália para sexar infantes.

As características do corpo

Assim como os humanos, alguns elefantes são longos e esguios, enquanto outros são pequenos e curvos. De fato, é possível utilizar a forma do corpo para identificar elefantes, uma vez que você já tenha alguma experiência.

Elefantes das mais diversas populações (como a da Reserva de Maasai Mara) carregam velhos abscessos decorrentes de feridas de lanças e flechas utilizadas por caçadores e que, hoje em dia, se parecem com um inchaço ou um caroço e são muito úteis na identificação de marcas. Outros aparentam estar fisicamente limitados – mancando ou com outros tipos de deficiência.

É importante sempre considerar a presença/ausência das presas e se há algum tipo de dano às mesmas. A tromba também pode ser um bom indicador de conflitos com humanos e, consequentemente, ser um caráter de diferenciação entre os indivíduos.

Saiba mais sobre a identificação de elefantes africanos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sexagem de Elefantes Africanos


Identificar elefantes não é difícil, porém exige prática e um bom poder de observação. Há muitas características que podem ser utilizadas para a identificação: sexo, tamanho e forma do corpo, comprimento e configuração das presas, tamanho e formato das orelhas, padrão de venação das orelhas, cortes, lágrimas e orifícios nas orelhas. A ElephantVoices disponibilizou oito módulos educacionais explicando como observar e entender essas características, também utilizados no banco de dados  “Mara Elephants Who’s Who”, do projeto de conservação Elephant Partners.


 Observando a forma do corpo, formato das orelhas, espessura das presas e na genitália. 
Da esquerda para a direita: um macho adulto, uma fêmea adulta e uma fêmea jovem (©ElephantVoices)

É recomendado que foquemos principalmente no tamanho e forma do corpo e da cabeça, na espessura das presas e na genitália. Os machos são maiores e tendem a permanecer com a cabeça ereta acima dos ombros, enquanto as fêmeas são menores e tendem a deixar suas cabeças abaixo da linha dos ombros.

Fêmeas tendem a deixar suas cabeças abaixo da linha dos ombros 
e seus abdomens são mais curvados (©ElephantVoices)

Aprenda mais sobre sexagem de elefantes africanos aqui. 
  
Tradução de Tiago Esteves Carvalhaes.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tragédia acaba com lua-de-mel na Tailândia


Não existe “ataque não provocado”, como diz o jornal Tailandês Phuket Gazette, quando estamos falando de elefantes em circos ou em outros tipos de entretenimento, ou em passeios (trekking tours e elephant-back safaris). Os elefantes são constantemente provocados - mantidos sob estrito controle por métodos abusivos - suportando condições de vida muito distantes de suas necessidades. Ninguém deveria ficar surpreso quando um animal selvagem nessa situação simplesmente dá um basta. Sentimos muito pelo casal - espera-se que outros aprendam com o incidente.



De Phuket Gazette, 23 de Setembro de 2011
Por Nicholas Altstadt

A lua-de-mel de um casal da Ucrânia transformou-se em tragédia quando um elefante se tornou agressivo durante um passeio em Phuket, na Tailândia, atacando a elefanta sobre a qual estavam passeando. Tetiana Meia, 26, sofreu diversas fraturas e ferimentos no corpo todo quando Captain, um elefante macho do camping Camp Chang Kalim, atacou a elefanta em que ela e o marido, Artem Perepelitsyn, 24, estavam. Artem sofreu uma perfuração e cortes profundos no tornozelo e pé esquerdos.



Captain (direita) supostamente foi protegonista de um ataque não provocado à elefanta 
dos ucranianos.  Em outro acidente no ano passado, Captain ficou violento,
mandando um turista sueco para o hospital com uma perna quebrada. 
Phuket Gazette)

Segundo relatou Arten, o passeio havia começado há cerca de cinco minutos quando olhou para trás e viu Captain, que levava nas costas dois turistas americanos e um tratador, vir correndo em sua direção. Ele atacou com suas presas por três vezes seguidas o lado direito da elefanta em que eles estavam, até que ela tombou para o lado esquerdo. Seu tratador conseguiu pular antes da queda da elefanta, mas o casal, que estava atado por tiras à cadeira, ficou preso. Arten acabou conseguindo se soltar, mas Tetiana foi arrastada pelo chão, aos gritos, junto com a elefanta enquanto Captain continuava a atacar, até que um funcionário do camping cortou as tiras com uma faca, permitindo que Arten puxasse Tetiana e a salvasse.

A dona do camping, que os visitava diariamente no hospital, se afastou quando o casal pediu uma compensação financeira e mostrou a ela uma matéria sobre um caso anterior, contradizendo sua versão de que tinha sido a primeira vez que ocorria um acidente desses no camping. O casal tinha apenas o suficiente para cobrir as despesas médicas e precisa de dinheiro para cobrir tratamentos futuros.

Perguntado se montaria um elefante novamente, Arten sorriu e disse "Nunca". 

Adaptação para o Português por Junia Machado

Para convencer um elefante a trabalhar - incluindo carregar turistas - um tratador precisa se certificar de que ele sempre siga suas instruções. Isso, por necessidade, significa quebrar a determinação própria do elefante. Para isso, filhotes são acorrentados, espancados, privados de convívio social. Essa é a horrível verdade. O ponto de vista da ElephantVoices é que o treino de elefantes para ganho comercial deveria ser proibido. Saiba mais sobre o uso de elefantes em safáris e passeios clicando aqui.


domingo, 18 de setembro de 2011

O Elefante planta Florestas


 Uma animação divertida sobre florestas e elefantes


O elefante é considerado uma espécie fundamental no ecossistema e sua participação na distribuição e na germinação de sementes é vital para diversas espécies de árvores. Atualmente, já sabemos como as florestas são importantes para a saúde do nosso planeta. Este desenho animado mostra, com uma dose de humor, a crucial participação dos elefantes nesse processo.


Produzido pela Fundação para a Reintrodução de Elefantes na Tailândia.



sábado, 10 de setembro de 2011

Elephant Partners – Protegendo os Elefantes do Mara

O Elephant Partners é uma iniciativa da ElephantVoices que trabalha para que os elefantes do Maasai Mara, suas famílias e seu habitat sejam protegidos e cuidados por indivíduos, famílias e comunidades humanas.



O ecossistema do Mara; Reserva Nacional de Maasai Mara,
unidades de conservação,

fazendas - nem todas mostradas/mencionadas no mapa.

O ecossistema Mara, sua vida selvagem, seus elefantes e a população humana estão ameaçados. Os elefantes são justamente o maior indicativo de que a conservação passa por uma crise, mesmo que a reversão dessa situação e o investimento nessa área sejam de interesse do Quênia. Como são espécies que normalmente habitam savanas (especialmente aquelas encontradas no Quênia), os elefantes são elementos-chave na garantia da biodiversidade dos ecossistemas em que estão inseridos, além de assegurarem o sustento de milhares de pessoas que sobrevivem do turismo. Com o Elephant Partners, todos os interessados podem participar da redução da caça ilegal e dos conflitos envolvendo elefantes, além de produzir e compartilhar conhecimento sobre esses animais.

Elefantes de Maasai Mara. (©ElephantVoices)

O objetivo do Elephant Partners é montar uma comunidade que compartilhe conhecimento sobre os elefantes do Mara e aplique essa sabedoria na proteção das espécies. A estratégia é conectar pessoas – guias, exploradores, guardas-florestais, pesquisadores, fotógrafos, turistas, cidadãos do Maasai Mara e outros interessados – com a vida dos elefantes. Desde junho de 2011, essa comunidade global tem crescido e providenciado fotografias e informações relevantes, ajudando o Elephant Partners na identificação e no registro de mais 600 elefantes adultos do Mara e permitindo o monitoramento do seu modo de vida.

Elefantes de Maasai Mara. (©ElephantVoices)

O Elephant Partners depende da participação de muitos indivíduos para formar, utilizar e disponibilizar conhecimento sobre os elefantes do Mara. O projeto pretende incluir programas voluntários, bolsas de estudo, treinamentos de guias e guardas-florestais, cursos e palestras. Além disso, o Elephant Partners já é colaborador de outras iniciativas que possuem o mesmo objetivo.



Meshack Sayialel, um excelente guia do camping ecológico Porini Lion Camp,
na Unidade de Conservação de Olare Orok, faz upload de observações de elefantes
no banco de dados de observação do Elephant Partners, usando using um smartphone simples. (©ElephantVoices)

O Elephant Partners terá um banco de dados on-line que permitirá a troca de informações com mapeamento digital: Mara Elephant Who’s Who (“Quem é Quem entre os Elefantes do Mara”), uma espécie de GPS capaz de procurar e identificar elefantes e ainda permitir que os navegantes incluam contribuições de suas próprias observações; Mara Elephant Spotting (“Localizando Elefantes do Mara”), no qual os participantes poderão compartilhar vídeos em tempo real (ou não) de suas próprias identificações, através de aplicativos de seus telefones celulares. Essas ferramentas virtuais estarão prontas e disponíveis para o público entre setembro e outubro de 2011.

Visite a página do Elephant Partners, nosso projeto de conservação em Maasai Mara, no Facebook.

Acesse nosso banco de dados de elefantes adultos de Maasai Mara.


Tradução de Tiago Esteves Carvalhaes e Ana Zinger, revisão de Teca Franco.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A América do Sul precisa de elefantes, segundo ecologista

Dani Cooper, ABC Science

18 de março de 2009

No que parece vir de uma página de um livro de Michael Crichton, um ecologista australiano sugeriu a introdução de elefantes na América do Sul e a criação de parques de Pleistoceno pelo mundo.


(C) Junia Machado / ElephantVoices

O professor Chris Johnson, da Universidade Jam
es Cook, em Far North Queensland, diz que a reintrodução de grandes herbívoros nas Américas ajudaria a restaurar ecossistemas e salvar espécies nativas ameaçadas. Ele diz que a experiência também ajudaria a esclarecer se foram os homens ou as mudanças climáticas os responsáveis pela extinção da megafauna, como o mamute e os cangurus gigantes.

Em artigo publicado em 2009 na revista especializada em biologia The Proceedings of the Royal Society B, o ecologista examina como a extinção de herbívoros gigantes há 50.000 anos afetou ecossistemas. Johnson, da Universidade James Cook de Ciências Marinhas e Tropicais, diz que grandes mamíferos mantiveram a vegetação aberta e, em ambientes de floresta, criaram “mosaicos” de diferentes tipos de vegetação, com uma grande diversidade de espécies de plantas. Entretanto, em termos ecológicos, a extinção da megafauna criou, rapidamente, paisagens de vegetação densa e uniforme, ele diz.


Extinção causada pelo homem

Johnson diz que seu artigo dá peso ao argumento de que os seres humanos, ao invés das mudanças climáticas, foram os responsáveis pela extinção de mamíferos como o marsupial gigante australiano, Diprotodon optatum. “Qualquer mudança na vegetação que tenha coincidido com a extinção é talvez muito prontamente atribuída a mudanças de temperatura, precipitação pluviométrica ou CO2 atmosférico”, ele diz. “Este pensamento levou à conclusão de que a extinção da megafauna foi uma consequência da mudança na vegetação, como se criaturas poderosas como o mamute fossem vulneráveis e sujeitas a transformações no meio ambiente causadas por mudanças climáticas.” Johnson diz que “nós sabemos que animais grandes são muito resistentes”.

“Poderíamos nos perguntar quais mudanças ocorreriam na savana africana se retirássemos os elefantes.” Ele diz que, como o debate é conduzido por paleontólogos e arqueólogos, eles “não repensaram a interação entre animais e plantas”. Johnson aponta para estudos que mostram mudanças na vegetação após a extinção de gigantes comedores de plantas, e não antes, como seria de se esperar em um cenário de mudança climática. Ele aponta para estudos feitos em antigas cascas de ovos de Emus australianas que mostram que há 50.000 anos essas aves incapazes de voar tinham uma dieta ampla – uma mistura de gramas e arbustos de regiões áridas e subtropicais, árvores e gramas de climas temperados –, mas que há 45.000 anos a dieta da ave não mais incluía as gramas de regiões áridas e subtropicais. “Isto mostra que sua alimentação vinha de um ambiente amplo e diverso e que depois foi reduzido para uma paisagem mais uniforme”, ele diz. “Essa mudança não pode ser atribuída ao clima.”


Fósseis vivos da evolução

Johnson também aponta para “fósseis vivos da evolução” na paisagem australiana, tal como a Acacia peuce, árvore em risco de extinção encontrada em nichos isolados no Deserto de Simpson.

Ele diz que a planta tem características de proteção, incluindo uma folha espinhosa com sulcos, e que cresceu “na altura do nariz de um diprotodonte”. Hoje ela tem uma folha macia e doce. “Tipos de vegetação com ramos numa altura apropriada para que possam ser comidos por animais herbívoros (browse line) são fósseis vivos”, diz ele, que mostra que a Acacia peuce tinha um mecanismo de defesa contra a megafauna.

“Se você procurar por essas características nas acácias australianas (hoje), elas são bem raras, enquanto nas acácias africanas elas são encontradas em todos os lugares”, ele diz.
Johnson diz que há várias plantas que interagiram com a megafauna que ainda mantêm mecanismos de defesa obsoletos e métodos ineficazes de dispersão de sementes. Ele afirma que a reintrodução de grandes herbívoros em regiões onde estas plantas ainda existem pode salvá-las. Ele aponta para estudos do ecologista americano Daniel Janzen que mostram que populações de cavalos selvagens estão preenchendo o papel dos cavalos norte-americanos nativos extintos. “Agora existem algumas espécies de plantas nativas que dependem dos cavalos selvagens para a dispersão de sementes”, diz Johnson.
Ele diz que a reintrodução de elefantes na América do Sul teria um impacto similar na vegetação. “Eles iriam para um ecossistema que está só esperando por eles”, ele diz.

Parque do Pleistoceno?

Johnson também acredita que a criação de parques do Pleistoceno, onde os grandes mamíferos ou seus análogos mais próximos seriam introduzidos, é possível e essencial para a preservação da biodiversidade. “Para compreender comunidades de plantas vivas, nós precisamos reimaginá-las com seu complemento completo da megafauna do Pleistoceno”, diz ele. “Esta percepção deve também prover a fundação para a restauração ecológica, que deve mirar em restabelecer interações entre grandes herbívoros e vegetação onde isso ainda seja possível.”

Tradução de Ana Zinger, revisão de Teca Franco.



Clique aqui para assistir a uma divertida animação: "O Elefante Plantas Florestas" e saiba por que os elefantes são os jardineiros do nosso planeta.


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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Inteligência dos Elefantes

Uma família investiga ossos de elefante (C) ElephantVoices

A fabricação e a utilização de ferramentas, a compreensão da morte, a empatia e sua memória notável.

Por ElephantVoices – tradução livre de Andrea Schmidt.

Os elefantes estão entre os animais não humanos mais inteligentes e complexos, tanto do ponto de vista emocional como social. Como regra, podemos ver que as espécies que possuem os maiores cérebros têm um melhor desenvolvimento do córtex cerebral e uma melhor capacidade de aprendizagem, além da habilidade de reter informações por mais tempo. Décadas de estudos compõem uma literatura com pesquisas e acompanhamentos científicos sobre a inteligência e as habilidades cognitivas desses animais.

Família explorando a Reserva de Kitirua, no Kenya (C) JuniaMachado/ElephantVoices

Os elefantes possuem uma memória notável, acumulando conhecimentos sociais e ecológicos, lembrando-se de aromas e vozes de outros indivíduos, rotas migratórias, lugares especiais e habilidades aprendidas. Há alguns relatos de histórias reais de elefantes que se lembraram de pessoas com quem tinham tido uma relação social e que não viam há anos. Joyce Poole tem sua própria experiência sobre a extraordinária memória desses gigantes da natureza. Em meados de 1980, ela estabeleceu uma relação especial com um jovem macho chamado Vladimir. Quando parava seu carro e o chamava, ele vinha até sua janela, deixando que ela tocasse sua tromba e suas presas. Por cinco anos, interagiram dessa forma provavelmente oito ou dez vezes. Depois de 1991, ficaram 12 anos sem se ver. Quando ela se encontrou novamente com ele, em maio de 2003, ele já era um adulto de 34 anos, e foi difícil para ela reconhecê-lo. Mas algo na maneira pela qual ele se movimentava lhe disse que era seu velho amigo. Parou o carro (um carro que era novo para ele) e o chamou. Ele deixou seu caminho, caminhou em direção a ela, rodeou o carro, foi até sua janela e deixou que ela tocasse sua tromba e suas presas, como fazia 12 anos atrás.

A memória dos elefantes é ainda melhor quando se trata de sua própria espécie. Carol Buckley relata um caso em que duas elefantas – Shirley (53 anos) e Jenny (30 anos) – que haviam trabalhado juntas em um circo foram reunidas no Santuário de Elefantes do Tennessee, após 23 anos separadas. A saudação exuberante de ambas, quando foram reunidas, foi a primeira indicação de que já se conheciam. A partir de então, Shirley, que tinha 30 anos quando foi separada de Jenny, ainda um bebê, começou a se comportar de modo maternal. Sempre que Jenny se deitava, Shirley ficava a seu lado, fazendo sombra com seu corpo para protegê-la do sol e se tornando uma barreira contra algum perigo. Seu relacionamento no santuário mostrava claramente que não só se lembravam uma da outra, como também do relacionamento especial de adulto e bebê que haviam experimentado no passado.

Mãe ajuda seu filhote, que estava atolado em uma poça de lama (©ElephantVoices)
A complexidade social dos elefantes decorre, em parte, dessa capacidade que promove o desenvolvimento de múltiplas camadas de relações sociais. Estudos com “playback" realizados no Parque Nacional do Amboseli fornecem boas evidências para a grande rede e a memória social dos elefantes. Quando estão a uma longa distância, sem contato visual, os elefantes usam chamados de sons para se comunicar, e Karen McComb e outros pesquisadores descobriram que fêmeas de elefantes são capazes de se lembrar dos chamados de sons das fêmeas que fazem parte da família e do grupo e distingui-los dos sons das fêmeas que não fazem parte de seu grupo social, reconhecendo também chamados de grupos de famílias mais distantes, dependendo da frequência.

Dados importantes também foram descobertos em Amboseli com famílias lideradas por jovens matriarcas que procuravam por grupos familiares liderados por matriarcas mais velhas, provando a inteligência delas ao reconhecer que indivíduos mais velhos possuem um amplo conhecimento sobre diversos recursos, como a localização de áreas e regiões com alimentos sazonalmente disponíveis. Além disso, devido ao conhecimento ecológico e social adquirido com o aumento da idade, as fêmeas mais velhas têm maior sucesso reprodutivo do que as fêmeas mais jovens. Tais comportamentos podem ser de muita importância para momentos de dificuldades, diminuindo assim o índice de mortalidade no grupo.

Jovem fêmea utilizando um graveto para se coçar (©ElephantVoices)

Ainda podemos dizer que os elefantes utilizam e até mesmo fabricam ferramentas simples, conseguindo também manipular e modificar objetos de pequeno e grande porte. Comportamento interessante, visto que muitos pensam ser este um procedimento exclusivo de primatas. Não poderíamos deixar de falar então de outro comportamento muito complexo, relacionado a empatia. Comportamentos empáticos são comumente observados entre os elefantes, incluindo a formação de coalizões para ajudar outros indivíduos que precisam de auxílio; a proteção aos elefantes jovens ou feridos (ou até mesmo a outras espécies); o conforto aos indivíduos angustiados; o cuidado de filhotes que estão separados de suas mães; a recuperação de filhotes que estão separados de sua família natal; a ajuda a indivíduos que caíram, precisam de assistência física ou estão imobilizados; e a remoção de objetos estranhos de um elefante.

Uma discussão sobre a inteligência dos elefantes seria incompleta se não mencionasse sua compreensão sobre a morte. Os elefantes demonstram variadas reações à morte de amigos e familiares, e reagem até mesmo a carcaças encontradas no caminho.

Saiba ainda mais sobre a inteligência dos elefantes, acessando o texto completo original da ElephantVoices.



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Rosana Jatobá: Por trás das lonas

Excelente artigo de Rosana Jatobá, jornalista da Rede Globo - que atua no Jornal Nacional, no SPTV 2ª edição e no Jornal Hoje - a respeito do recente resgate dos quatro ursos que viviam em um circo no Pará, em um espaço tão pequeno, que mal podiam se movimentar. Na América do Sul, a Bolivia e o Peru já aprovaram leis que impedem o uso de animais em circos. No Brasil, há um projeto de lei aguardando votação em plenário, o PL 7291/2006, para impedir o uso de quaisquer animais em circos em todo o território nacional.


Circo Torricelli, Brasil
(C) ADI - Animal Defenders International



A ElephantVoices julga ser vital para o bem-estar dos elefantes que estão em circos no Brasil a aprovação dessa lei e apoiará o governo brasileiro com documentação e argumentos relacionados aos interesses e bem-estar dos elefantes. Mesmo sendo possível transferir alguns elefantes dos circos para zoos, ou para santuários de elefantes nos Estados Unidos, a preparação de um local modelo "santuário" de elefantes no Brasil é a alternativa mais responsável. Além de elefantes em circos, há também um número adicional de elefantes em zoos brasileiros vivendo em condições inaceitáveis e que necessitarão, em algum momento, de um lar alternativo. Um estabelecimento de ponta irá impulsionar ainda mais a imagem mundial do Brasil como nação progressista no que tange o bem-estar animal e representará um marco para isso na América do Sul.


Elefantes que já foram vítimas do comércio
de animais exóticos, trabalhando em circos
ou expostos em zoos a maior parte de suas vidas,
agora vivem em santuários como PAWS - E.U.A.
(C) ElephantVoices




Conheça os santuários americanos TES e PAWS.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os Pequenos Gigantes de Tsavo


Por Junia Machado

Ouvimos sons de galhos, de folhas sendo remexidas. Ainda não é possível avistar os elefantes, mas sabemos que eles estão se aproximando, e os aguardamos em silêncio. Surgem ao longe, um a um, do meio da mata, caminhando em nossa direção. Percebem que estamos ali e se aproximam curiosos. Kilaguni, de quase três anos, que lidera o grupo pelo caminho, me examina vagarosamente com sua tromba macia. Todos os outros começam a nos rodear e parecem muito satisfeitos de nos encontrar ali. São 9 elefantes, com idades que variam de 2 anos e meio a 6 anos.


Kilaguni e os outros órfãos no Parque Nacional de Tsavo, no Quênia.
(C) Junia Machado/ElephantVoices (10/2010)




São cinco da tarde, está quase anoitecendo e estamos no Parque Nacional de Tsavo, um dos maiores parques nacionais do mundo, no Quênia, onde vamos acompanhar de perto, por alguns dias, nove elefantinhos órfãos que estão reaprendendo a viver na natureza após terem passado seus primeiros anos de vida num orfanato em Nairóbi (The David Sheldrick Wildlife Trust). Quando bebês, quase todos eles sofreram o trauma de verem suas mães serem mortas por caçadores em busca de marfim. Kilaguni foi encontrado atolado em uma poça de lama, sendo atacado por hienas, que chegaram a devorar seu rabo e parte de sua orelha. Para sua sorte, foi resgatado antes que as hienas conseguissem matá-lo e hoje é um “menino muito ativo e expressivo”, segundo seus tratadores. Todos os dias, quando percebe que o pôr-do-sol se aproxima, ele e Makena lideram o grupo no caminho de volta aos estábulos, onde passam a noite em segurança.

Até os sete anos de idade, os elefantes são muito indefesos e dependentes de suas mães e é praticamente impossível que sobrevivam sem elas na natureza. É nessa reserva, com a ajuda de seus tratadores, que aprenderão a sobreviver e que conhecerão suas novas famílias e amigos, com quem passarão o resto de suas vidas. 



O que os elefantes têm a dizer

Os elefantes são extremamente inteligentes e vivem em sociedades muito complexas.  Possuem uma memória fora do comum, acumulando e mantendo conhecimentos sociais e ecológicos, lembrando-se de aromas e sons de outros indivíduos e de lugares durante décadas. Produzem uma ampla série de vocalizações, muitas das quais em frequências abaixo do nível de audição dos humanos, podendo se comunicar através de grandes distâncias com outros elementos do grupo. São importantes para o meio ambiente, pois transportam sementes para diversos locais, modificam a paisagem e criam novos habitats, contribuindo para a biodiversidade.
Por suas características psicológicas semelhantes às dos humanos, são vulneráveis ao estresse e ao trauma e a suas consequências de longo prazo, como a saúde mais frágil e - principalmente no caso dos mantidos em cativeiro - problemas de reprodução e comportamento anormal, entre outras.

Órfãos no Parque Nacional de Tsavo, no Quênia.
(C) Junia Machado/ElephantVoices (10/2010)

Infelizmente, o número de órfãos que chegam ao orfanato do Quênia tem aumentado cada vez mais, pois o mercado de marfim está crescendo assustadoramente. Estima-se que atualmente sejam mortos mais de 30.000 elefantes a cada ano na África, para suprir a demanda desse mercado, especialmente da Ásia. O mercado de marfim, seguramente, é a maior ameaça direta ao bem-estar e à sobrevivência desses seres magníficos.
Cada elefante morto tem um impacto enorme na sociedade: os órfãos não têm como sobreviver sem suas mães, uma família sofre e se desorganiza com a morte de sua matriarca, muitas vezes se separando em grupos menores e mais vulneráveis e assim por diante, em um efeito dominó devastador. É necessária uma ação global, através de todos os países e seus cidadãos, para que o mundo saiba que para cada enfeite de marfim comprado, pelo menos um elefante foi morto.

Manada de elefantes em sua longa marcha matinal diária, através de um lago seco na Reserva de Kitirua, no Quênia, em direção aos pântanos do Parque Nacional de Amboseli, onde passam o dia.


(C) Junia Machado/ElephantVoices (10/2010)

Saiba mais sobre o mercado de marfim, como ele impacta as populações de elefantes e também sobre como podemos colaborar em nossos próprios países e através do envio dessa informação a nossos contatos internacionais (principalmente da China e do sudeste asiático), em: www.elephantvoices.org/news-media-a-reports/119-ivory-trade/754-wealth-not-poverty-is-the-driver-of-elephant-killings.html